segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Ultima Parada 174

O filme é, de fato, uma porrada. São duas horas sem um instante de refresco em que você, mesmo sabendo como a história vai terminar, fica preso à cadeira sem piscar o olho.

No fim da projeção para um pequeno grupo de amigos do diretor na noite de terça-feira numa sala do Shopping Pompéia, ficamos um bom tempo em silêncio, meio que paralisados diante do que acabamos de ver.

Todo mundo deve se lembrar do dramático episódio encenado no ônibus da linha 174, em junho de 2000, no centro do Rio de Janeiro, que foi transmitido ao vivo durante horas pelas redes de televisão e terminou com a morte de uma refém e do seqüestrador Sandro do Nascimento, um órfão de 22 anos.

Mas ninguém sabia como começou esta tragédia de uma família brasileira até chegar ao desfecho. Contar esta história com começo, meio e fim - e que só poderia mesmo ter este fim - foi o grande desafio de Bruno Barreto e do roteirista Bráulio Mantovani.

Embora se trate de uma ficção baseada em fatos reais (ver entrevistas com os dois abaixo), lembra mais uma reportagem, como estas que assistimos nos programas policiais de fim de tarde na televisão sobre a mãe que perde um filho e o filho que perde a mãe.

Ninguém ali parece estar representando. Em seu 19º longa metragem, pela primeira vez Bruno trabalhou com não-atores ou atores de pouca experiência encontrados em grupos teatrais de comunidades carentes do Rio - o que pode explicar o extremo realismo das cenas.

Entre eles, Michel Gomes, em primorosa atuação no papel do protagonista Sandro. Diretor e roteirista não opinam no filme, não querem passar nenhuma mensagem, nem fazer análise sociológica - e nos entregam um dos melhores filmes nacionais dos últimos anos.

“Última Parada - 174” não é um filme de bandidos e mocinhos, apenas mais um filme sobre a violência carioca. Conta, isto sim, com muita crueza e sem adjetivos, como é o cotidiano de famílias pobres e desestruturadas, sempre nos limites entre a vida e a morte, entrando na intimidade dos morros cariocas que a gente não conhece.

Fiquei sem saber o que é causa e o que é efeito da violência em que vivem. Só sei que o seqüestro no ônibus, que chocou milhões de telespectadores em todo o país, foi para Sandro apenas o desfecho natural de uma trajetória sem saída.

Melhor do que eu ficar aqui dando uma de crítico de cinema, escrevendo sobre o que não entendo, é passar a palavra logo aos dois jovens que colocaram esta obra em pé após quase quatro anos de trabalho.

Conversei com Bruno e Bráulio - olha aí, bons nomes para uma dupla sertaneja... - depois de me recuperar do impacto do filme para tentar entender melhor o que havia acabado de ver.

Não posso me queixar da vida. Os dois são meus amigos e me deram belos depoimentos. Uma das felicidades de trabalhar por muito tempo nesta profissão de repórter é ficar conhecendo muita gente boa em todas as áreas, como estes dois premiados talentos do cinema brasileiro, e acabar entrevistando amigos.


A seguir, três perguntas para Bruno Barreto e Bráulio Mantovani:

“Depois de rodar o primeiro take, meus olhos estavam cheios de lágrimas”

IG: Bruno, por que você resolveu fazer este filme? Não tinha nenhuma história mais bonita e feliz pra contar?

Bruno Barreto: Quando vi o documentário “Ônibus 174”, do José Padilha, fiquei muito impactado e com muitas perguntas que não encontravam respostas. A principal era: por que a Marisa resolveu adotar logo o Sandro, menino de rua que tinha sido preso várias vezes? Muitas vezes só a ficção consegue responder perguntas que a realidade apresenta. Não sei explicar porque fiquei compelido a contar esta história. Em geral, só consigo responder a isto alguns meses depois do filme ficar pronto.

IG: Em que “Última Parada - 174” difere de outros filmes recentes que trataram da violência carioca?

Bruno: Eu acho que essa história é diferente porque, pela primeira vez desde “Pixote”, coloca esses personagens, excluídos socialmente, como sujeito e não objeto. Dessa forma, mesmo que o espectador seja de uma classe social bem distante daquela dos personagens do filme, ele vai se envolver, porque os sentimentos humanos são universais.

IG: Teve alguma cena em que você se emocionou, ficou com o coração apertado durante as filmagens?

Bruno: A cena na qual o Sandro “adota” a Marisa como mãe. Digo que ele a adota porque sabe que ela não é a mãe dele, mas ela acha que está reencontrando o filho verdadeiro depois de 17 anos. Será que o Sandro é um mau caráter porque está fingindo que é filho da Marisa, embora ele conheça o filho verdadeiro? Eu acho que não, porque o Sandro precisa muito mais de uma mãe do que o filho real. Esta é a cena mais emblemática do filme e, quando eu gritei “corta!”, depois de rodar o primeiro take, meus olhos estavam cheios de lágrimas.

“Só me sinto realizado quando o espectador sai perturbado”

IG: Bráulio, você que já foi repórter obrigado a retratar a realidade, conte um pouco como foi o processo de criação do roteiro, como a história de ficção foi sendo construída, as dificuldades que enfrentou...

Bráulio Mantovani: Para mim, a maior dificuldade foi a mesma que tenho sempre que trabalho a partir de histórias reais que aconteceram recentemente: criar a coragem necessária para alterar a história real e transformá-la em ficção. Esse processo é sempre o mais difícil para mim. Mas é o único que funciona. Não consigo ser fiel à realidade. Eu só consigo escrever inventando. Mesmo nas adaptações - como em “Cidade de Deus” - o que eu faço é me apropriar das histórias para contá-las do meu jeito. No caso das adaptações ou reescrita de roteiros de outros autores eu mudo o que quero, mas não sem antes sofrer muito, sentir-me culpado e ter a sensação de que estou desrespeitando a memória das pessoas. É traumático. Mas ficção é ficção. E a responsabilidade maior do artista ou escritor é com a forma. No caso específico de quem escreve para cinema, a responsabilidade é com a eficiência da narrativa. Transpor a vida para a ficção é algo que não sei fazer. Acho que ninguém sabe. Simplesmente, não funciona.

IG: E o que funciona para o filme dar certo, mesmo sendo uma porrada, um soco no estômago do freguês?

Bráulio: O que funciona é recriar na ficção o efeito que a história - seja real, seja adaptada de literatura - produz em mim. E para recriar esse efeito eu invento e reinvento fatos e personagens. Nenhum personagem em “Última Parada – 174” é fiel á realidade. Tanto que apenas o Sandro tem o mesmo nome do personagem real que usei como inspiração. Todos os outros nomes são inventados. Eu gosto de pensar que tudo nos meus roteiros é invenção minha. Inclusive o que aconteceu de fato, na realidade. No meu roteiro, o massacre da Candelária, o seqüestro do ônibus 174, a morte da refém e de Sandro são de minha autoria. Por isso, eu espero, esses episódios têm no filme um efeito muito parecido ao que produziram em mim quando aconteceram na realidade. Um efeito devastador, perturbador. Quando vou ao cinema, gosto de sair perturbado. Por isso, quando escrevo para cinema, só me sinto realizado quando o espectador sai perturbado.

IG: No meu caso, pelo menos, você pode se sentir realizado...E, depois de “Cidade de Deus” e “Tropa de Elite”, outros socos no estômago, quando é que você vai fazer o roteiro de uma história de amor com final feliz?

Bráulio: Tenho planos de escrever umas comédias malucas...Aguarde no próximo ano!

por Ricardo Kotscho

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Linha de Passe




São Paulo. 19 milhões de habitantes. 200 quilômetros diários de engarrafamento. 300 mil motoboys. No coração de uma das maiores metrópoles do mundo, quatro irmãos tentam reinventar suas vidas. Reginaldo, o mais novo, procura obstinadamente seu pai, que nunca conheceu. Dario, prestes a completar 18 anos, sonha com uma carreira como jogador de futebol profissional. Dinho, frentista em um posto de gasolina, busca na religião o refúgio para um passado obscuro. Dênis, o irmão mais velho, já é pai de um filho e ganha a vida como motoboy. No centro desta família está Cleusa, 42 anos, grávida do quinto filho. Ela trabalha duro como empregada doméstica enquanto luta para manter os filhos na linha. Para sobreviver à brutalidade de uma cidade onde as oportunidades se afunilam, eles só podem contar um com o outro.



Entrevista com os diretores

Como surgiu o projeto de Linha de passe?

WALTER SALLES: O projeto surgiu em 2002, pouco antes das filmagens de Diários de motocicleta. Ele nasce em função de vários desejos: voltar a trabalhar com Daniela Thomas, voltar a colaborar com Vinícius Oliveira depois de Central do Brasil, voltar a falar do país dez anos depois de Terra estrangeira. Nesse meio tempo, a descoberta dos documentários Futebol, que aborda as “peneiras” nos pequenos clubes, e o Santa Cruz, sobre a questão das igrejas evangélicas no Brasil, foi fundamental. Nesses documentários, dirigidos por meu irmão (João Moreira Salles), esses universos foram tratados de maneira surpreendente, muito diferente dos retratos feitos pela televisão ou mesmo no cinema. Desde a largada, a gente também tinha a idéia de falar de uma família sem pai, um pouco como já havíamos tratado em Terra estrangeira. Talvez por causa das muitas dificuldades que enfrentamos no desenvolvimento do projeto, o filme se converteu num esforço eminentemente coletivo. No início feito a quatro mãos, depois a seis com a entrada fundamental de George Moura (coroteirista), e logo dez, doze... O roteiro foi repensado várias vezes, fizemos frente a diversos obstáculos – um pouco como aqueles que afetam os personagens do filme –, que a gente teve a obrigação e o desejo de sobrepujar.

DANIELA THOMAS: Sempre que o Waltinho me chama para um projeto fico muito feliz, em primeiro lugar porque o cinema é uma paixão, e, em segundo, porque o tipo de cinema que mobiliza o Waltinho é aquele que nos dá a oportunidade de conhecer lugares e pessoas que, de outra forma, não teríamos como conhecer. Trabalhando assim, o cinema passa a ser um exercício de autodescoberta, uma forma de se melhorar, de tentar entender porque se está em determinada situação, que país é esse, quem somos nós. E, sobretudo, tentar olhar para o outro.


Por que o título, Linha de passe?

DANIELA: A idéia da “linha de passe” é o cerne desse projeto, isto é, a idéia de você ter a quem olhar do seu lado, ter um irmão, ter a possibilidade de olhar para o lado e ter o apoio do outro. “Linha de passe” é essa bola que não pode cair. O título foi pensado logo no começo e está na origem do filme e na forma com que ele foi realizado.


Como foi escolhido o elenco?

DANIELA: A preocupação central da gente foi transmitir algo para além da imagem e da fala. O talento dos atores escolhidos é inequívoco, mas houve uma preocupação de que se visse aquela família e acreditasse: eles são irmãos. O Vinícius, como era nosso primeiro ator, foi o eixo para a escolha dos irmãos e da mãe. Foram vários testes feitos pela equipe da Fátima Toledo.

WALTER: Quando você pensa um filme, é essencial traçar uma lógica própria àquela narrativa. Já que essa era uma história que falava de desejo de pertencimento, de reinvenção, nos pareceu importante que isso também acontecesse com os atores que estavam entrando nessa aventura conosco. Ou seja, tinham que ser rostos novos, atores que tivessem a disponibilidade de ficar meses mergulhados num processo de pesquisa de personagem, para o qual a participação de Fátima Toledo foi fundamental. Nas filmagens, tentamos estar em perfeita osmose com o elenco e dar liberdade, por exemplo, para que um ator evoluísse como quisesse dentro do quadro. Não havia duas tomadas iguais. Como vocês chegaram a Cidade Líder, onde está situada a casa da família?

DANIELA: Assim que a gente definiu a espinha dorsal da história, eu e o George Moura fomos localizar o roteiro em São Paulo, tentar dimensionar o filme numa cidade desse tamanho. E a primeira coisa que a gente fez foi uma pesquisa de locação para o roteiro. Naturalmente, apesar de morar em São Paulo e achar que a conhecia na palma da mão, encontrei uma cidade que desconhecia. Até que achamos Cidade Líder e nos apaixonamos por esse lugar. Lá a gente encontrou a casa, no limite do asfalto. Logo depois da casa, começa uma quebrada onde você tem uma visão extensa da cidade de São Paulo – ou melhor, de um dos cantos da cidade de São Paulo. Encontramos vários lugares nessa primeira investida que ficaram no filme até o fim. Os campos de futebol, a casa da Bianca (mãe do filho de Dênis), a casa dos meninos, e algumas das principais avendidas que a gente filmou. Ali começou a se delinear o personagem da cidade de São Paulo – que é um sexto personagem dessa trama.


Como foi filmar no trânsito de São Paulo?

WALTER: A idéia do movimento está na gênese do filme. A própria idéia da linha de passe pressupõe que a bola viaja de um personagem para o outro. Não havia como facilitar nessa parte: a gente sabia que ia filmar ônibus e motocicleta no meio do trânsito da cidade. Em boa parte das cenas, os carros que estão passando em quadro realmente estavam passando ali. Isso é o resultado da conjugação do talento do Mauro Pinheiro, nosso jovem diretor de fotografia, e da cabeça de José Gomes, um maquinista que sempre tem as soluções mais simples para os problemas mais complexos e que transformou duas motocicletas em verdadeiros dollys (carrinhos para “carregar” a câmera).


Qual a maior dificuldade de se filmar um jogo de futebol?

DANIELA: As filmagens do jogo do Corinthians que abrem o filme ocorreram no Morumbi, em um dia de jogo mesmo. E foi um jogo dramático, porque o Corinthias estava para ser rebaixado. A torcida estava muito estressada, e tinha comparecido em peso. O estádio estava lotado. Tivemos o privilégio de observar um jogo em que as emoções estavam especialmente exacerbadas. O que também foi apavorante, principalmente pra quem estava no meio das arquibancadas, como eu. A gente fez uma cobertura muito extensa do jogo. Havia várias câmeras em campo e dentro das duas torcidas. Filmar essa partida foi uma das coisas mais incríveis que já vivi. Futebol não é brincadeira, e só ali senti o que é de verdade.

WALTER: As torcidas ajudaram, e muito. A gente pediu autorização, evidentemente, para estar ali. O Raí, que é um cara super inteligente e generoso, ajudou a abrir as portas no São Paulo. No jogo do Morumbi, tudo é filmado no instante, claro. Filmar no calor do momento remete novamente ao documentário. Gosto muito do cinema feito assim, porque ele só é possível daquela maneira, ele faz com que você vá junto com o rio. Como no jogo do Morumbi: noventa minutos depois o filme terá mudado e você não sabe para que lado. Não há roteiro que permita prever aquilo. E a tensão inerente ao início do filme é a tensão daquele jogo.



fonte:
http://www.paramountpictures.com.br/linhadepasse/

sábado, 25 de julho de 2009

Marley e eu


Resumo do livro MARLEY E EU


John e Jenny tinham acabado de se casar. Eles eram jovens e apaixonados, vivendo em uma pequena e perfeita casa, sem nenhuma preocupação. Jenny queria testar seu talento materno antes de enveredar pelo caminho da gravidez. Ela temia não ter vindo com esse 'dom' no DNA, justamente porque matara uma planta, presente do marido, por excesso de cuidado - afogando-a. Então, eles decidiram ter um mascote. Vão a uma fazenda, escolhem Marley, ao tomar contato com uma ninhada, porque também ficam encantados com a doçura da mãe, Lily; depois têm uma rápida visão do pai, Sammy Boy, um cão rabugento, mal-encarado e bagunceiro. Rezam para que Marley tenha puxado à mãe, porém suas 'preces' não são atendidas. A vida daquela família nunca mais seria a mesma. Marley rapidamente cresceu e se tornou um gigantesco e atrapalhado labrador de 44 kg, um cão como nenhum outro. Ele arrebentava portas por medo de trovões, rompia paredes de compensado, babava nas visitas, apanhava roupas de varais vizinhos e comia praticamente tudo que via pela frente, incluindo tecidos de sofás e jóias. As escolas de adestramento não funcionaram - Marley foi expulso por ter ridicularizado a treinadora. Mas, acima de tudo, o coração de Marley era puro. Marley repartia o contentamento do casal em sua primeira gravidez e sua decepção quando sobreveio o aborto. Ele estava lá quando os bebês finalmente chegaram e quando os gritos de uma adolescente de dezessete anos cortaram a noite ao ser esfaqueada.


John (Owen Wilson) e Jennifer Grogan (Jennifer Aniston) casaram-se recentemente e decidiram começar nova vida em West Palm Beach, na Flórida. Lá eles trabalham em jornais concorrentes, compram um imóvel e enfrentam os desafios de uma vida em conjunto. Indeciso sobre sua capacidade em ser pai, John busca o conselho de seu colega Sebastian (Eric Dane), que sugere que compre um cachorro para a esposa. John aceita a sugestão e adota Marley, um labrador de 5 kg que logo se transforma em um grande cachorro de 45 kg, o que torna a casa deles um caos.





http://www.sinopsedolivro.com/2008/04/marley-e-eu.html

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Escritores da Liberdade



Hilary Swank, duas vezes premiada com o Oscar, atua nessa instigante história, envolvendo adolescentes criados no meio de tiroteios e agressividade, e a professora que oferece o que eles mais precisam:


uma voz própria. Quando vai parar numa escola corrompida pela violência e tensão racial, a professora Erin Gruwell combate um sistema deficiente, lutando para que a sala de aula faça uma diferença na vida dos estudantes. Agora, contando suas próprias histórias, e ouvindo as dos outros, uma turma de adolescentes supostamente indomáveis vai descobrir o poder da tolerância, recuperar suas vidas desfeitas e mudar seu mundo.Com eletrizantes performances de um elenco de astros, incluindo Scott Glenn, Imelda Staunton e Patrick Dempesey. Escritores da Liberdade é baseado no aclamado best-seller O Diário dos Escritores da Liberdade.




http://www.letrasdefilmes.com.br/filme/escritores-da-liberdade

Eu sou a lenda



O último homem na face da Terra não está sozinho.


Will Smith interpreta este solitário sobrevivente em Eu Sou a Lenda, um épico de ação que mistura doses generosas de tensão com uma incrível visão de uma desolada Manhattan. De alguma maneira imune a um terrível e incurável vírus, o virologista militar Robert Neville (Smith) é agora o último humano sobrevivente em nova York - e talvez do mundo. Mas ele não está exatamente sozinho. Vítimas de uma praga mutante espreitam nas sombras... Observando cada movimento de Neville... Esperando para que ele cometa um erro fatal. Talvez a última - e a melhor! - esperança da humanidade, Neville tem agora um único objetivo pela frente: encontrar um antídoto usando o seu próprio sangue imune. Mas ele sabe que esta em desvantagem numérica... E o tempo está passando rapidamente!



http://www.interfilmes.com/filme_16895_Eu.Sou.a.Lenda-(I.Am.Legend).html

Um amor para recordar



É a comovente história de Landon, o rapaz mais popular
da escola. Apesar de desajustado e agressivo, ele se apaixona perdidamente por Jamie. Jamie é uma menina que vive em outro mundo. Filha do pastor da cidadezinha, é estudiosa e compenetrada, cumpridora de seus deveres. É muito meiga, doce e gentil. Jamie é o oposto de Landon. Ela nunca imaginou se relacionar com Landon, muito menos se apaixonar perdidamente por ele.


A história se passa nos anos 90, Landon Carter (Shane West) é punido por ter feito uma brincadeira de mal gosto em sua escola. Como punição ele é obrigado a participar de uma peça teatral, que está sendo montada na escola. É quando ele conhece Jamie Sullivan (Mandy Moore), uma jovem estudante de uma escola pobre. Com o tempo Landon acaba se apaixonando por Jamie que, por razões pessoais, faz tudo ao seu alcance para escapar de seu assédio.
O filme dá uma lição dos verdadeiros valores que o homem deve perseguir para conquistar, a todo custo.




http://letrasueg2009.blogspot.com/2009/06/um-amor-pra-recordar-por-thais-urcino.html

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Sim, Senhor





Lançado no Brasil em 30 de janeiro deste ano, Sim Senhor é uma comédia estrelada por Jim Carrey com 104 minutos de duração.


Do diretor Peyton Reed, Sim Senhor conta a história de Carl Allen, um homem que vai a um culto de auto-ajuda após ser convidado por um amigo. Lá, eles seguem a filosofia de dizer “sim” a tudo e, assim, levar uma vida feliz. Carl começa a seguir esta idéia e sua vida sofre grandes mudanças. O protagonista ganha uma promoção no emprego e se apaixona por Allison, interpretada por Zooey Deschanel.



Sim Senhor é inspirado num livro do jornalista e produtor britânico, Danny Wallace. Ao longo de seis meses, ele disse sim a tudo que lhe foi proposto e anotou os resultados.



http://www.tudoemfoco.com.br/sim-senhor-elenco-sinopse-sim-senhor.html

http://www.zerooitocentos.org/noticias/fun/novas-fotos-de-sim-senhor/

Wall-e


Elenco: Vozes na versão original de: Fred Willard, Jeff Garlin, Ben Burtt, Kim Kopf, Garrett Palmer, Sigourney Weaver.

Direção: Andrew Stanton

Gênero : Animação

Distribuidora: Disney

Após entulhar a Terra de lixo e poluir a atmosfera com gases tóxicos, a humanidade deixou o planeta e passou a viver em uma gigantesca nave. O plano era que o retiro durasse alguns poucos anos, com robôs sendo deixados para limpar o planeta. Wall-E é o último destes robôs, que se mantém em funcionamento graças ao auto-conserto de suas peças. Sua vida consiste em compactar o lixo existente no planeta, que forma torres maiores que arranha-céus, e colecionar objetos curiosos que encontra ao realizar seu trabalho. Até que um dia surge repentinamente uma nave, que traz um novo e moderno robô: Eva. A princípio curioso, Wall-E logo se apaixona pela recém-chegada.








http://www.cinepop.com.br/filmes/walle.htm

quinta-feira, 2 de julho de 2009

À procura da felicidade



01/02/2007
por Marcelo Forlani

Sabe quando você ouve aquela história impossível de superação, do cara que estava abaixo do fundo do poço e consegue dar a volta por cima? A primeira reação é dizer "ah, vá! Isso não pode ser verdade". A segunda, ainda sem acreditar, é "Imagina... isso só acontece em filme". Este é À procura da felicidade (The persuit of happyness, 2006), filme inspirado na vida de Chris Gardner, um ex-vendedor de São Francisco que conseguiu se tornar um milionário corretor das bolsas de valores.

No filme, interpretado por Will Smith, Chris Gardner é a personificação da Lei de Murphy. Tudo o que poderia dar errado em sua vida, deu. Perdeu a esposa, a casa, o carro e suas economias em um investimento furado em scanners ósseos que logo caíram em desuso. Só sobraram seu filho, de 5 anos, e seu sonho. Parece um dramalhão edificante. E é. Deve ter horas em que até o projecionista fica com vontade de desligar a máquina e acabar o filme por ali, para tentar evitar que o protagonista se ferre ainda mais. Não adianta, o sofrimento parece infinito e dura até o fim das quase duas horas de rolo.

Rebobinando a história, tudo começa nos anos 80, em São Francisco. Chris Gardner era um vendedor que ao ver um engravatado estacionando uma Ferrari se encanta com o visível sucesso do sujeito e pergunta ao executivo o que ele faz para possuir o tal veículo. Descobre assim que trabalhar na bolsa de valores dá dinheiro e decide investir na carreira. Ao saber que o marido está disposto a involuir, apostando seu futuro em uma vaga de estagiário em uma empresa corretora de títulos e valores, a esposa decide sair dali e se muda para Nova York.

Milagrosamente, ele consegue a vaga de estágio mesmo indo fazer a entrevista com os sócios da empresa direto da cadeia, onde ficou preso por não ter pago multas do carro que nem tinha mais. E com o estágio garantido as coisas começam a se acertar? Que nada! O trabalho não é remunerado. Os seis meses de curso serão eternos, com o pouco de dinheiro que havia sobrado se esvaindo mais rápido que brigadeiro em festa de criança. Sem condições de pagar aluguel, Chris e seu filho passam a viver na rua, dormindo um dia no metrô, outro nos abrigos para sem-teto. A vida não era fácil, mas usando a sua inteligência, o bom humor e a capacidade de lidar com as pessoas Chris vai sobrevivendo e mantendo saudável a sua relação com o filho.


O peso de Hollywood

É difícil acreditar no que se vê na tela e a verdade é que a história não foi bem assim. Chris Gardner e seu filho passaram noites no metrô e dormiram muito no abrigo para sem-teto, mas foi para economizar os mil dólares que ele ganhava no estágio. O roteirista Steven Conrad dramatiza o que já era duro. "Carrega na tinta", como se diz no jargão jornalístico. Tudo em nome do "sonho americano", da vontade de mostrar que qualquer um consegue enriquecer na "Terra da Liberdade". O fato do Chris trair sua primeira esposa e ser acusado de bater na segunda também não é citado. O que resta é só o paizão perfeito, que não mede esforços para proteger sua cria.

Descartando toda essa "liberdade criativa", que quase desclassifica o filme do gênero cinebiografia, o drama funciona muito bem. As escolhas do diretor italiano Gabriele Muccino, Will Smith (indicado ao Oscar de Melhor ator) e do seu filho Jaden Christopher Syre Smith não deixam dúvida: o intuito aqui é emocionar o público - e isso o trio consegue. Por isso fica aqui o aviso: não esqueça o lenço de papel. A caixa toda!,

FONTE : www.omelete.com.br


quinta-feira, 14 de maio de 2009

A vida é bela




A Vida é Bela é uma comédia e por isso desperta fúria e comoção. Fúria porque para alguns judeus e os politicamente corretíssimos o massacre nazi-fascista não deveria jamais servir de argumento para uma história tão leve e bem-humorada sobre o sofrimento no holocausto. Comoção porque conta a luta heróica de um pai determinado em fazer da guerra um jogo pueril para proteger o filho da cruel realidade dos seguidores de Hitler e Mussolini.
Não que a metáfora não sirva para amplas discussões: Guido chama as ações nos campos de concentração de gincana onde os judeus que seguirem as regras - esconderem-se, manterem-se em silêncio e não pedirem por comida - ganham pontos e concorrem a um tanque de guerra. A produção comove e convence sobre como a sétima arte pode emocionar com situações insólitas aliadas a fragmentos de realidade. Uma fábula humanista sem propósitos políticos, nem objetivo de deturpar a história.












Guido e a família:

vida feliz e

tranqüila antes

do holocausto


A Vida é Bela tem uma fórmula semelhante a de Central do Brasil. As atrocidades do holocausto judeu de Benigni não tem nada do chocante realismo visual de O Resgate do Soldado Ryan, ou do sufocante horror psicológico de Além da Linha Vermelha - dois principais filmes retratando a guerra, o primeiro do final do ano passado e o segundo com estréia prevista para o outono deste ano no Brasil. Assim como a produção brasileira, ela aposta em situações bem particulares para despertar a memória coletiva - pode ser o holocausto, a fome, a violência, a impotência.

E as coincidências se estendem a outras caracteríticas das produções: as duas têm entre seus principais personagens uma senhora chamada Dora e um garoto de nome Josué ou Giosuè (em italiano), a italiana já recebeu 30 prêmios em festivais e votações de público e crítica em todo o mundo e a brasileira 28. Sem falar nas atuações impecáveis dos protagonistas Roberto Benigni( também co-roteirista e diretor) e Fernanda Montenegro.






















http://www.terra.com.br/cinema/comedia/vida_bela.htm


quarta-feira, 6 de maio de 2009

segunda-feira, 4 de maio de 2009

O homem que virou suco



Clássico e Popular

O Homem que virou suco é exemplo típico ? e um dos melhores ? de um conjunto de operações que o cinema brasileiro fazia na segunda metade da década de 1970 para estabelecer um diálogo melhor com o público, sem trair as conquistas estéticas do Cinema Novo e do Cinema Marginal.

Para começar, o filme reelabora padrões da narrativa clássica com ingredientes de um cinema popular. Basicamente, é a história do duplo (expressionismo alemão) e do homem errado (policial estadunidense) que se desenrola entre Severino e Deraldo, os dois sósias nordestinos envolvidos num equívoco criminal. O tema igualmente clássico do imigrante é tratado desde o título, e em toda sua extensão, como material de literatura de cordel. Assim o diretor procura fundir seu filme com formas de representação características do povo nordestino.

Naquele período, o cinema brasileiro também experimentava uma crescente simbiose entre práticas do documentário e da ficção, num movimento iniciado por Iracema ? Uma transa amazônica, em 1974, de Jorge Bodanzky e Orlando Senna. Daí a importância da improvisação nos diálogos, de uma relação especialmente livre entre câmera e atores e até de uma certa submissão da técnica às condições do local de filmagem.

Por fim, vemos um diretor que não abre mão de seu passado. É nas seqüências de rua que João Batista de Andrade semeia os ecos de sua militância no cinema marginal paulista anos antes, quando era comum promover-se performances em praça pública para que o filme absorvesse o inesperado da participação popular.

Esta denúncia do esmagamento dos deraldos e severinos, seja pela marginalização, seja pela inserção aviltante, conta com a sensibilidade do diretor para criar uma poética em meio ao drama e à comédia. As cenas da batida policial noturna e da leitura da carta no alojamento dos operários são reveladoras de um olhar humanista que transcende toda urgência e objetividade.















A presença de José Dumont, no filme que o revelou plenamente, extrapola a mera questão cênica. No fundo, é o próprio ator que está na pele de Deraldo, ele que também chegou da Paraíba sem documentos e soube se impor pelas artes do talento. Coisa semelhante se passou com o próprio filme, lançado em 1980 sem maior repercussão e ?redescoberto? pelos brasileiros depois de vencer ex-aequo o Festival de Moscou. O suco, portanto, só veio depois da vodka.

O curta que complementa este programa reverbera o tema da imigração a partir de outro ícone da cultura nordestina: a canção Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Uma animação naïf, mas expressiva, reitera o drama da fuga para um sonho impossível.
















* Por Carlos Alberto Mattos, Crítico e pesquisador de cinema, autor de livros sobre Walter Lima Jr., Eduardo Coutinho, Carla Camurati, Jorge Bodanzky e Maurice Capovilla. Crítico de O Globo, do site criticos.com.br e autor do DocBlog / Globo Online.

http://www.programadorabrasil.org.br/programa/45/

terça-feira, 28 de abril de 2009

O caçador de pipas




















Amir (quando jovem interpretado por Zekiria Ebrahim e, quando adulto, vivido por Khalid Abdalla) é um menino tímido, que gosta de escrever histórias e foge de encrencas. Seu melhor –e único- amigo é Hassan (Ahmad Khan Mahmoodzada), filho do empregado de seu pai, que o protege e dedica a ele idolatria total. O passatempo preferido da dupla é empinar pipas, e Hassan tem um dom especial para encontrá-las, quando cortadas, antes das outras crianças. Enquanto uma dúzia de garotos correm pelas ruas de Cabul seguindo as pipas coloridas, Hassan já sabe exatamente onde cada uma delas cairá. E lá aguarda, confiante.

Mas é justamente em um torneio de pipas que a amizade dos dois toma um rumo diferente. Hassan vai sozinho atrás de uma pipa e acaba sendo encurralado por meninos que, por preconceito com sua etnia, o violentam. Amir assiste a tudo, escondido e com medo de intervir. Só que, mais tarde, passa a ser torturado pela culpa e o arrependimento, e não tolera mais a presença do amigo.

















Os dois se afastam, magoados, mas têm de enfrentar problemas mais graves quando a União Soviética invade o Afeganistão e, depois, quando o Talebã domina o país. Amir e seu pai são obrigados a fugir do país e a reconstruir a vida como refugiados nos Estados Unidos. Lá, Amir vira adulto, faz faculdade e se apaixona. Mas a vida, que parecia ter ficado na calmaria, muda novamente de rumos, e ele terá de voltar a Cabul para encarar seu passado. As filmagens de “O caçador de pipas” foram realizadas na China ocidental, lugar com cenários naturalmente semelhantes aos do Afeganistão. Os diálogos da primeira fase, quando os personagens ainda são crianças, são todos em dari, uma das duas principais línguas do país. Tudo isso atrai veracidade e sensibilidade ao longa, que, no entanto, não consegue atingir o mesmo nível dramático do livro. Apesar disso, o diretor Marc Forster merece reconhecimento pelo lindo trabalho que fez na seqüência em que os meninos participam do torneio de pipas, levando o espectador a passear por um céu colorido de papel de seda e, ao mesmo tempo, por um amontoado de lajes e casebres, numa visão panorâmica de Cabul.

Adaptação

Na transposição do livro para o cinema, “O caçador de pipas” perdeu parte de seus dramas mais pesados –talvez até para evitar problemas e alta classificação indicativa. Uma das seqüências mais sofridas do livro, vivida pelo filho de Hassan, foi eliminada da história no longa-metragem. Para facilitar, as passagens de tempo também foram diminuídas, já que o livro abrange um período de cerca de 30 anos na vida do protagonista. “O roteiro enxuga a narrativa do livro. Ele incorpora quase tudo que a história conta, mas simplifica a cronologia”, explica o roteirista David Benioff.

Polêmica











As filmagens de “O caçador de pipas” foram cercadas de problemas e polêmicas. Quatro das crianças que participaram do longa tiveram de deixar o Afeganistão devido a preocupações com segurança, anunciou em dezembro o estúdio.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O que é cegueira em nossa sociedade ?

Cegueira em nossa sociedade é como um vírus que se multiplica. A cada dia que passa as pessoas tornam-se mais cegas. Somos cegos por não perceber as calamidades e enganações sobre o mundo, somos cegos por não ver que o próximo necessita de ajuda e nem sequer abrimos os olhos para ver o que acontece. Nossa sociedade é um caos, somos cegos e nem percebemos! Não damos valor uns aos outros e nos tratamos como animais selvagens querendo ter poder sob o outro.
Sim, a sociedade é cega, nosso modo de agir é cego, nossa vida é cega. E o que somos? Somos os cegos do mundo!

Thais Pereira-17

quinta-feira, 19 de março de 2009

Ensaio sobre a cegueira




















O filme começa num ritmo acelerado, com um homem que perde a visão de um instante para o outro enquanto dirige de casa para o trabalho e que mergulha em uma espécie de névoa leitosa assustadora. Uma a uma, cada pessoa com quem ele encontra - sua esposa, seu médico, até mesmo o aparentemente bom samaritano que lhe oferece carona para casa terá o mesmo destino. À medida que a doença se espalha, o pânico e a paranóia contagiam a cidade. As novas vítimas da "cegueira branca" são cercadas e colocadas em quarentena num hospício caindo aos pedaços, onde qualquer semelhança com a vida cotidiana começa a desaparecer.Dentro do hospital isolado, no entanto, há uma testemunha ocular secreta: uma mulher (JULIANNE MOORE, quatro vezes indicada ao Oscar) que não foi contagiada, mas finge estar cega para ficar ao lado de seu amado marido (MARK RUFFALO). Armada com uma coragem cada vez maior, ela será a líder de uma improvisada família de sete pessoas que sai em uma jornada, atravessando o horror e o amor, a depravação e a incerteza, com o objetivo de fugir do hospital e seguir pela cidade devastada, onde eles buscam uma esperança.A jornada da família lança luz tanto sobre a perigosa fragilidade da sociedade como também no exasperador espírito de humanidade. O elenco conta com: Julianne Moore (Longe do Paraíso, As Horas), Mark Ruffalo (Zodíaco, Traídos Pelo Destino), Alice Braga (Eu Sou a Lenda, Cidade de Deus), Yusuke Iseya (Sukiyaki Western Django, Kakuto) Yoshino Kimura (Sukiyaki Western Django, Semishigure), Don McKellar (Monkey Warfare, Childstar), Maury Chaykin (Verdade Nua, Adorável Julia), Danny Glover (Dreamgirls - Em Busca de Um Sonho, A Cor Púrpura) e Gael García Bernal (Babel, Diários de Motocicleta, E Sua Mãe Também).



















O romance nos mostra o desmoronar completo da sociedade que, por causa da cegueira, perde tudo aquilo que considera como civilização e, (tal como em A Peste, de Albert Camus) mais que comentar as facetas básicas da natureza humana à medida que elas emergem numa crise de epidemia, Ensaio sobre a cegueira mostra a profunda humanidade dos que são obrigados a confiar uns nos outros quando os seus sentidos físicos os deixam. O brilho branco da cegueira ilumina as percepções das personagens principais, e a história torna-se não só um registro da sobrevivência física das multidões cegas, mas também das suas vidas espirituais e da dignidade que tentam manter. Mais do que olhar, importa reparar no outro. Só dessa forma o homem se humaniza novamente.




































http://www.ensaiosobreacegueirafilme.com.br/main.php
http://http//pt.wikipedia.org/wiki/Ensaio_sobre_a_Cegueira
http://www.cinepop.com.br/filmes/ensaiosobrecegueira.htm

sexta-feira, 6 de março de 2009

Diários de Motocicleta




exibição no cineclube zezinho dias 09 (manhã) e 12 (tarde).


Em 1952, dois jovens argentinos decidem se aventurar numa viagem de descobrimento pela complexa geografia física e humana da América Latina.
O meio de transporte: uma velha motocicleta Norton 500, ano 1939, conhecida como "La Poderosa".
O piloto: Alberto Granado, 29 anos, um bioquímico que se auto-define como "cientista vagabundo".
O co-piloto: Ernesto Guevara de la Serna, 23 anos, "El Fuser", estudante de medicina especialista em lepra, prestes a se formar.
O plano de viagem: percorrer oito mil quilômetros em quatro meses.
O objetivo: desvendar um continente, a América Latina, conhecida apenas pelos livros.
A rota: de Buenos Aires até a Patagônia, cruzando a Cordilheira dos Andes para chegar ao sul do Chile, atravessando o país até entrar no Peru, para depois conhecer Cuzco e Machu Picchu, e finalmente trabalhar no Leprosário de San Pablo, na Amazônia peruana.
Destino final: a península de Guajira, na Venezuela.
O que começa como uma aventura muda pouco a pouco de forma. O confronto com a realidade social e política da América Latina passa a alterar a percepção que os dois viajantes têm do mundo. Na primeira grande viagem de suas vidas, eles se deparam com as raízes profundas de um continente. A experiência vivida em um ano formativo de suas vidas vai resultar no despertar de novas vocações, associadas ao desejo de justiça social.
Baseado nos diários de Ernesto Guevara e de Alberto Granado, o filme narra a história de uma viagem iniciática no coração da identidade latino-americana.




Quando Robert Redford e Michael Nozik me convidaram para dirigir o projeto Diários de Motocicleta, eu já havia lido e relido o relato de Ernesto Guevara sobre sua primeira viagem através da América Latina com seu amigo Alberto Granado mas nunca pensei em fazer uma adaptação cinematográfica de um livro tão seminal.

Na capa da tradução em inglês havia uma citação que dizia: "O encontro de On the Road com das Kapital". Eu não me sentia preparado para lidar com um assunto tão amplo. Então, antes de iniciar, decidimos fazer um longo processo de pesquisa que acabou nos levando diversas vezes, no período de dois anos, a Argentina, Chile, Peru e Cuba.

Em Havana, tivemos a oportunidade de conhecer Alberto Granado, que em 1999 era um jovem de 80 anos, e o privilégio de conversar com a família Guevara. Sem esses encontros, este filme não existiria.

Foi Granado, um homem com uma memória extraordinária - e humor - que nos deu a informação decisiva que nutriria o roteiro de Jose Rivera. "Em 1952, eu tinha 29 anos e Ernesto, 23. Como a maioria dos argentinos daquela época, nós sabíamos mais sobre gregos e os fenícios do que sobre os incas e a América Latina. Não sabíamos realmente onde ficava Machu Picchu."

Isso definiu o curso que o filme tomaria. A história da busca de dois jovens para desvendar um continente desconhecido - antes do advento da televisão e da informação globalizada. Igualmente importante seria a história da cristalização da identidade dos jovens durante o processo.

"Inicialmente, a viagem era uma aventura, mas pouco a pouco Ernesto e Alberto descobriram a realidade social e política do continente em que viviam, e isso muda completamente o tom da jornada e quem eles viriam a se tornar", falou-nos o diretor do Centro de Estudos Ernesto Che Guevara em Havana.

Esta seria "un viaje iniciático", como se diria em espanhol. Um rito de passagem. Oito meses da vida de dois jovens que ao se separarem na Venezuela, no extremo do continente, não eram mais os mesmos que haviam iniciado a viagem na Argentina.

"Esta é uma história sobre Ernesto antes de se tornar El Che", também nos disse seu filho Camilo. Isto é essencial para compreender o filme. Diários de Motocicleta é a primeira viagem de Guevara pelo continente latino-americano. Ele ainda era um estudante de medicina especializando-se em leprologia quando, em 1952, subiu na garupa de Alberto Granado, na moto apelidada de "La Poderosa", uma Norton 500, de 1939. Foi apenas no final da segunda viagem pela América Latina que ele conheceu Raul e Fidel Castro, no México. Diários de Motocicleta acontece dois anos antes desse encontro e sete anos antes da vitória da Revolução Cubana, ocorrida em 1959.

Jose Rivera estava ciente disso quando escreveu o roteiro do filme, de forma que ele nunca deixa o jovem ser confundido com sua futura imagem mítica. Jose estava mais interessado em revelar o lado humano dos dois personagens singulares. Ele tentou olhar os dois jovens do modo como eles deviam ter sido, naquele momento e naquela época. Ele também buscou o humor tão vitalmente presente no diário de Guevara, e também no relato de Granado sobre a viagem. Ainda mais importante, acrescentou aspectos de gravidade conforme os dois viajantes aprofundam-se cada vez mais na jornada, semelhante ao roteiro de Ettore Scola para Il Sorpasso.

Para retratar o jovem Ernesto convidamos aquele que considero um dos mais raros e talentosos atores de sua geração: Gael Garcia Bernal. Isso aconteceu há três anos, depois de Amores Brutos (Amore Perros) e antes do lançamento de Y Tu Mama Tambien. Gael foi mais que um ator nesta jornada; foi um dos principais catalisadores de nossa aventura cinematográfica. Pesquisou incansavelmente para o papel durante meses. Fazia-nos ir em frente quando estávamos exaustos. Estava sempre inspirado, sempre disposto a tentar caminhos diferentes. E, como Ernesto, ele também estava pronto para cruzar o Rio Amazonas a nado - contra a corrente.

Foram realizadas sessões para escolha do elenco por toda a América Latina, o que nos trouxe a possibilidade de descobrir uma geração extraordinária de jovens atores argentinos, chilenos e peruanos. Talvez por serem as crianças da era pós-ditatorial do continente, por terem sido criadas em sociedades mais livres, diferente daquelas governadas pelo regime militar nos anos 1970, eles floresceram com a volta da democracia.

Uma das grandes revelações das sessões de elenco conduzidas por Walter Rippel foi Rodrigo de la Serna, que interpreta Granado no filme. "A semelhança física com o jovem Alberto é impressionante, mas este não foi o motivo pelo qual o escolhemos. Acho que Rodrigo é um jovem ator na tradição de grandes astros italianos como Vittorio Gassman e Alberto Sordi. Está sempre pronto a nos surpreender, misturando humor e drama de um modo único. Havia também uma incrível coincidência, que eu soube somente após tê-lo escalado: Rodrigo de la Serna é primo em segundo grau de Ernesto Guevara de la Serna."

Junto com o cinegrafista Eric Guatier, optamos pela simplicidade do formato super-16, mesclado com algumas poucas imagens feitas durante a noite em 35 mm. Também optamos por uma linguagem simples e direta para contar esta história. A maior parte do tempo, procurei evitar a imposição do "mise en scene", tentando me deixar levar pelo que estávamos encontrando na estrada, e não impor idéias pré-concebidas.

Para fazer este filme, atores e técnicos vieram de vários lugares, mas principalmente da Argentina, Chile, Peru e Brasil (Recuso-me a escrever o nome do meu país com 'Z'). Algumas vezes éramos só quinze, como quando filmamos em Cuzco e em Machu Picchu. Algumas vezes éramos mais de oitenta, como nas filmagens na colônia de leprosos em San Pablo, no Amazonas. Estávamos cientes das diferenças culturais e nem sempre tínhamos a mesma opinião. Mas, no fim das contas, eu acho que todos nós compreendemos o que Ernesto quis dizer quando concluiu seu diário dizendo que nós, latino americanos, somos parte de uma única raça, parte do mesmo continente - do México ao estreito de Magalhães.

Enquanto escrevo as últimas palavras destas notas, muitas imagens surgem à minha mente. Será que o filme conseguirá trazer de volta algumas das imagens do livro? Eu não sei, e não sou eu quem pode julgar. Só posso esperar que as discussões resultantes do filme gerem um debate interessante cujo foco seja a América Latina.



***

Algumas observações sobre o trabalho com Robert Redford e Michael Nozik:

Para mim, é difícil ser objetivo quando falo sobre Robert Redford. Sua inteligência como ator e sua sensibilidade como diretor sempre me impressionaram. Mas há mais do que isso. Ele também é um homem que apóia o cinema independente através do Instituto Sundance. Os seminários conduzidos pelo Sundance na Argentina, no Brasil (e também em Cuba) tornaram-se vitais para o cinema latino-americano. Se o roteiro de Central do Brasil não tivesse sido premiado com o Sundance-NHK em 1996, o filme provavelmente não existiria.

Redford e seu amigo e produtor Michael Nozik eram as únicas pessoas em quem eu podia confiar para levar adiante um projeto tão delicado do ponto de vista político como Diários de Motocicleta. Eles sempre lutaram pelo que eu acredito ser o lado justo da arena política. Eles compreenderam o que esta viagem significou para os latino-americanos. Prontamente concordaram que a única forma de fazer este filme seria em espanhol e não em inglês. Estavam sempre dando apoio e inspiração e toleraram minha angústia em muitos momentos difíceis da jornada.

Eu também gostaria de mencionar o nome de algumas outras pessoas que tornaram este filme possível. Gianni Mina, o respeitado jornalista italiano e documentarista que foi a primeira pessoa a publicar "The Motorcycle Diaries". Ele foi o supervisor criativo do projeto e suas sugestões foram fundamentais para o roteiro de Jose Rivera. Rebecca Yeldham, nossa produtora executiva, que desenvolveu este projeto na FilmFour e foi umas das melhores companheiras de viagem e de inspiração que nós podíamos sonhar em ter conosco nesta jornada. Paul Webster, que acreditou no projeto desde o início na FilmFour. E Tessa Ross, que continuou acreditando nele. Os produtores Karen Tenkhoff e Edgard Tenenbaum, que estiveram envolvidos no filme do início até o final. Carlos Conti, nosso inesquecível desenhista de produção, e muitos outros...

E por fim, mas não menos importante, gostaria de mencionar o nome de um mestre que teve a generosidade de se encontrar comigo mais de uma vez para falar sobre o projeto: Ettore Scola. Ele deu excelentes sugestões para o andamento do projeto e eu não poderia ser mais agradecido a ele por isso.

Na maior parte do tempo, não me sentia merecedor de estar fazendo este filme. Este grupo único de pessoas fez tudo valer a pena.


Walter Salles



Alberto Granado, companheiro de viagem de Ernesto "Che" Guevara na viagem retratada em Diários de Motocicleta, visitou o set de filmagem durante a produção do filme. Granado tem 81 anos e mora com a mulher e os filhos em Havana, Cuba. Tivemos a sorte de ter a oportunidade de conversar com ele sobre a experiência de ver suas aventuras da juventude sendo transformadas em filme:


P: Como se sente em relação ao fato de um filme estar sendo feito sobre sua viagem com Ernesto?

Sinto-me bastante surpreso. Quem poderia imaginar que a viagem de dois jovens para descobrir a América Latina chegaria a isso? É claro que você tem que levar em consideração que tanto Ernesto como eu sempre vivemos de forma consistente com nossas convicções e, quase sempre, fizemos o que acreditávamos que devíamos fazer, cada um a seu jeito. Então, eu acho que sim, que talvez possa entender porque um filme seja feito. Eu nunca pensei, mas já vivenciei muitas coisas inesperadas na minha vida.

P: Como é voltar aos lugares por onde passou com Ernesto?

(Risos) Sempre digo a mim mesmo que tenho um coração à prova de ferrugem, capaz de agüentar todo tipo de emoção. Mas confesso que houve momentos em que cheguei às lágrimas, especialmente ao me lembrar das pessoas idosas, dos idosos doentes, que eram crianças de nove e dez anos quando passamos por lá. Então me sinto feliz e grato à vida, por todas as coisas que ela me deu.

P: E o que pode dizer sobre Walter Salles?

Sobre Walter? Posso dizer que estou impressionado. Impressionado com sua capacidade, com sua integridade, com sua tenacidade. Com a maneira com que repetia cena após cena - que para mim pareciam perfeitas mas que ele sabia que poderiam melhorar - até que conseguisse exatamente o que queria. Acho que tivemos muita sorte de ter um diretor de tão alta qualidade.

P: Ficou emocionado quando viu a motocicleta no filme?

(Risos) Sim, fiquei. Ela era encantadora também. Acho que Walter Salles fez um ótimo trabalho na cena em que nos despedimos da moto. Um trabalho tão bom que fiquei tão emocionado quanto fiquei há 50 anos, como se a estivesse abandonando agora, pobrezinha, embrulhada em seu manto. Houve dois momentos no filme em que chorei: um foi quando me despedi da moto e o outro foi quando cruzei o Amazonas.

P: Consegue ainda se lembrar da viagem real?

Sim, eu me lembro. Vivenciei muitas coincidências a este respeito. Passo por lugares que me lembram desse ou daquele detalhe da viagem. Vejo um homem e ele me lembra alguém que conheci na viagem. Vivo uma aventura e ela me faz lembrar alguma pela qual vivi durante a viagem. Então, quase todo dia tem alguma coisa que me faz lembrar. E além disso, ela faz parte da personalidade de Ernesto, não é? Porque para entender Che Guevara mais inteiramente, e não apenas através de seus discursos e de sua vida política, você também precisa saber algo sobre sua formação, sobre como cresceu, sobre suas viagens. Tudo isso me ajuda a nunca esquecer a viagem.

P: Quais são suas melhores lembranças da viagem?

Bem, são muitas. Mas para mim a parte mais emocionante foi em San Pablo, quando os leprosos vieram se despedir de nós. Eles chegaram em um barco onde os doentes estavam separados dos sadios. Era um dia chuvoso. Nunca vou me esquecer. Os pacientes chegaram tocando música, dando adeus e nos dizendo que os havíamos tratado como gente normal e que eles jamais se esqueceriam disso. Ficamos tão emocionados com aquilo que mal conseguíamos falar. Só lamento não ter podido tirar uma foto, porque estava chuviscando e não tinha luz suficiente. Tenho muitas recordações emocionantes mas esta eu nunca vou esquecer por causa do local, do dia, da hora e tudo o mais.

P: Ainda dirige motocicletas?

Não. Já não me permitem mais. Outro dia Gael me levou para dar uma volta e fui o co-piloto. Mas não o piloto. 80 anos é muita idade para se dirigir uma motocicleta. (Risos)

fonte: http://filmes.net/diariosdemotocicleta/#